sábado, 16 de janeiro de 2016

CRIMINOSO PRATICA ROUBO, ATIRA CONTRA A VÍTIMA E O JORNAL AGORA SP (DO GRUPO FOLHA) O CHAMA DE “SUSPEITO”!



Observe o título da matéria: “Militar reage a assalto, atira e mata suspeito no Ipiranga”
 (jornal Agora SP, de 04/12/2015). Não existe algo errado?
Exatamente isso que se lê hoje no título: um “suspeito” foi morto...
Será que esse incômodo que traz a leitura do título distorcido é apenas meu?
Note-se: a própria matéria narra que três homens armados praticaram roubo contra um militar
(das Forças Armadas), que estava dentro seu veículo e que reagiu em defesa própria.
Houve troca de tiros e dois dos criminosos foram atingidos pelos disparos,
um deles vindo a morrer no hospital.
Mais uma vez um título de matéria jornalística chama atenção pelo tratamento dado ao ladrão
que rouba, que atira contra a vítima, que coloca em risco outras pessoas nas imediações e,
ao ser morto nessa flagrante situação criminosa, é chamado de “suspeito” por um jornal.
Imagino o que a vítima (de quase um latrocínio) pensa ao ler esse título, que chama de “suspeito”
um dos ladrões que tentou matá-lo em confronto, depois de roubá-lo.
Não é só isso, dois acompanhantes do militar vítima também sofreram lesões corporais.
Além desse desrespeito à figura da vítima, na medida em que o editor do título da matéria
qualifica o ladrão (por pouco um assassino) como simples “suspeito”, também ocorre
uma inversão na ordem dos fatos e o grau de importância atribuído a cada ação na ocorrência.
Ora, o título chama a atenção ao fato da vítima (militar) ter reagido, atirado e matado o “suspeito”,
quando o fato principal é a ocorrência de roubo praticado por três indivíduos com disparo de
arma em direção à vítima, que reagiu legitimamente.
Título correto, portanto: "Ladrões atiram contra a vítima e um deles morre em confronto".
O apontamento é importante, pois, sabe-se que nem todos que passam os olhos nos títulos,
leem o texto completo da matéria, e assimilam somente o conteúdo das letras maiores
e em negrito. Portanto, o cuidado e a isenção no registro impactante do título é fundamental
para que a imprensa cumpra com o seu compromisso de transmitir a verdade dos fatos.
Não se pode banalizar o emprego do adjetivo, sob pena de o título também ser compreendido
 como suspeito.
Adilson Luís Franco Nassaro
Coronel PM Chefe do Centro de Comunicação Social da PM (São Paulo)
     - Facebook:  Coronel Franco (fan page); Franco Nassaro (perfil)
-     - Twitter: Franco Nassaro     @Cel_PM_Franco

Nenhum comentário:

Postar um comentário